O trabalho de Gabriel Abrantes pode ser definido como multifacetado e experimental, já que desenvolve os seus projetos de vídeos e filmes desde a escrita, à realização e produção, não excluindo a participação eventual como ator. Muitas vezes em parceria, de forma intuitiva e algo irreverente, desenvolve uma abordagem histórica, política e social muito pessoal sobre os temas do seu interesse, que vão das questões da herança do colonialismo às de género e identidade. A sua obra é desenvolvida a partir da alteração intencional das fórmulas narrativas instituídas e do recurso ao humor e ao absurdo. O resultado é muitas vezes surpreendente, provocatório e desconcertante, oferecendo ao espectador diversos níveis de leitura, ao combinar a estética de Hollywood com técnicas documentais ou experimentais.
O trabalho de Ben Rivers, inicialmente centrado no individuo, transformou-se progressivamente, acabando por vir a basear-se nas filmagens de pequenas comunidades que vivem aparte, muitas vezes colaborando com o cineasta norte-americano Ben Russell. Rivers filmou em ilhas da costa de África, Japão, Pacífico Sul, mas considera que ilhas britânicas se mantêm reconfortantes. O seu interesse na utopia evoca uma longa história em Inglaterra, desde o Iluminismo às experiências de vida em comunidade das décadas de 60 e 70. A sua obra evidencia a importância da preservação da identidade de pequenas comunidades, de modo que o indivíduo mantenha um papel relevante na definição da sociedade a que pertence. Este interesse por experiências utópicas levou-o, inclusive, a criar uma comunidade temporária na Escandinávia, manipulando intencionalmente as circunstâncias sociais, enquanto realizava a sua longa-metragem A Spell To Ward Off the Darkness, de 2015.